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Debaixo Da Língua

Debaixo Da Língua

O Silêncio das Filhas de Jennie Melamed

Sinopse

Vanessa, Amanda, Caitlin e Janey vivem numa ilha. Não sabem em que região do mundo nem em que ano estão, mas aprenderam que a vida lá é uma bênção comparada à das temidas Terras Devastadas — onde reina a doença e a podridão. Aquele era um lugar tão negro que os seus dez antepassados decidiram debandar e fundar uma nova sociedade com novas regras. Neste mundo, as mulheres e as suas filhas levam uma vida austera e controlada pelos patriarcas. O destino não lhes pertence. Apenas no verão, e enquanto crianças, é que elas são livres. Assim que a puberdade desperta, tornam-se esposas em treino nas mãos dos pais, dos maridos e dos seus governantes. Logo que deixam de ser úteis, são imediatamente descartadas, segundo os rituais da ilha.

Todas as mulheres cumprem as regras. Até que um dia, a pequena Caitlin assiste a algo tão chocante que não consegue guardar silêncio sobre o que sente. Ela conta às outras. A palavra espalha-se. A redoma quebra-se. E então, uma pergunta paira-lhes na cabeça: será o destino delas assim tão inevitável? Crua, destemida e negra. A história de um culto numa ilha isolada, a que nenhum leitor ficará indiferente.

 

Não-fareis:

- Não desobedecereis aos vossos pais

*

- Não entrareis em casa de outro homem sem serdes convidados

*

- Não tereis mais de dois filhos

*

- Não tocareis numa filha que sangrou até que esta entre no seu verão de fruição

*

- Não permitireis que as vossas mulheres se percam em pensamentos, atos, ou em corpo

*

- Não permitireis que as mulheres que não sejam irmãs, filhas, ou mães se reúnam sem um homem para orientá-las

*

- Não matareis

 

Opinião dela

 

A primeira impressão que tive do livro foi de que era bastante diferente do que habitualmente se encontra, não sei bem porquê, olhei para a capa, li a contracapa e pensei para mim “tenho de ter este livro!”

 

Tal como nos é dado a conhecer na sinopse, a história passa-se numa ilha. Aqui todos os habitantes sabem o seu papel e vivem em conformidade com as regras impostas pelos seus antepassados quando formaram esta nova sociedade (que podem ser lidas na contracapa). Basicamente é um ciclo, pois a partir do momento em que um bebé nasce, a sua vida fica traçada até à altura de morrer.

 

O livro é dividido conforme as quatro estações do ano e narrado por quatro crianças: Vanessa, Amanda, Caitlin e Janey. Cada uma tem uma personalidade bastante diferente das outras, sendo que conforme se desenrola a ação, vamos notando a diferença nas suas atitudes e escolhas, que dependem também do meio familiar onde cresceram.

 

Existe muita informação a recolher, pois o enredo é bastante complexo, já para não mencionar o número de personagens que aparece. Nota-se ao longo do livro o descontentamento das crianças relativamente à sua curiosidade que é inibida assim como ao seu estilo de vida onde não podem ter opinião própria. A mesma situação é vivida pelas mães que, apesar de serem consideradas o pilar da sociedade e dessa forma terem de ser bem cuidadas pelos homens, são mantidas quase em cativeiro, não podendo fazer nada sozinhas, nem sequer confraternizar com outras mulheres. Tudo isto faz lembrar as sociedades antigas onde se vive segundo leis muito restritas sempre com medo da punição por parte, neste caso, dos seus antepassados fundadores.

 

Acontecem muitas situações revoltantes neste livro, que me deixaram desconfortável pela sua natureza aceitável (dentro da história), sendo um dos exemplos o chamado verão de fruição. Como é óbvio não posso estar a falar sobre o que é, pois não há forma de não dar spoiler! É também angustiante a forma como alguns podem fazer o que desejam sem ser punidos, enquanto outros mal se conseguem manter vivos. Todo o livro é carregado de mensagens fortes, que não vão ser capazes de ignorar, porém grande parte delas, vão transmitir sentimentos negativos.

 

Conforme fui chegando a meio do livro, e com a ocorrência de uma situação assistida por Caitlin, pensei que ia começar finalmente a ação que tanto esperava. Mas enganei-me… Com o acontecimento, ocorre realmente uma reviravolta, mas no meu ponto de vista fiquei sempre à espera de mais alguma coisa, algo mais empolgante, mas não aconteceu. Mesmo o final do livro deixou-me a perguntar sobre muitas coisas que nunca foram explicadas e achei, apesar de triste, um pouco básico.

Conclusão, um livro que tinha tudo para dar certo, se tivesse outro tipo de desenvolvimento. Não desgostei, mas também não gostei… é um daqueles livros que me iludiu e acabou por deixar um pouco desiludida.

-J-