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Debaixo Da Língua

Debaixo Da Língua

Vox de Christina Dalcher

 

Sinopse

E se cada mulher só tivesse direito a 100 palavras por dia?

Estados Unidos da América. Um país orgulhoso de ser a pátria da liberdade e que faz disso bandeira. É por isso que tantas mulheres, como a Dra. Jean McClellan, nunca acreditaram que essas liberdades lhes pudessem ser retiradas. Nem as palavras dos políticos nem os avisos dos críticos as preparavam para isso. Pensavam: «Não. Isso aqui não pode acontecer.»

Mas aconteceu. Os americanos foram às urnas e escolheram um demagogo. Um homem que, à frente do governo, decretou que as mulheres não podem dizer mais do que 100 palavras por dia. Até as crianças. Até a filha de Jean, Sonia. Cada palavra a mais é recompensada com um choque elétrico, cortesia de uma pulseira obrigatória.

E isto é apenas o início.

 

Opinião dele

“Vox” conta a história de uns Estados Unidos da América diferentes dos da atualidade. USA é governado por um narcisista egocêntrico que pensa que o homem é o detentor do saber e que as mulheres são apenas objetos fáceis de manipular. Toda a narrativa centra-se em Jean (uma mulher inteligente, lutadora e determinada), e na sua família. Jean e a sua filha mais nova, Sonia, têm uma pulseira de contagem de palavras e nunca, mesmo nunca, podem vocalizar mais do que 100, pois, caso isso aconteça, serão deveras castigadas. No entanto Jean está determinada em mudar estas regras.
Dalcher escreve de uma forma simples e descomplicada, não embrulha a história num desenvolvimento lento. O livro prima pelos magníficos saltos temporais que nos enquadram na história de forma perspicaz. O passado é muito bem explicado, como leitor senti que estava no meio de toda a ação e fiquei agarrado ao livro com muito empenho e entusiasmo.
Jean é apresentada como uma mulher lutadora e implacável, no entanto senti que no início ela estava enfraquecida pelo poder do governo. Não a considero a mulher perfeita, tem defeitos e algumas das suas atitudes são duvidosas para o género de personagem que ela demonstra ser. Neste aspeto acho que a autora foi muito inteligente, pois, nós humanos, não somos perfeitos e somos talhados por erros que cometemos, o que nos demonstra o poder humanizante que a personagem possui.
Toda a narrativa é elaborada de forma fluída e de fácil compreensão, não havendo pontas soltas em que o leitor fica a duvidar da própria história. Gostei, no entanto existe alguma coisa na história que me deixou desconfortável e intrigado.
Relativamente ao final, posso afirmar que é surpreendente, sufocante e arrepiante. Christina Dalcher está de parabéns, conseguiu surpreender-me com aquele final magnífico.
Quem adora thrillers diferentes e macabros aconselho, vivamente, a leitura deste.
Será que a Dra. Jean McClellan consegue mudar o futuro?

-L-